O território de São Pedro da Aldeia tem sido mapeado e estudado pelo projeto Geoparque Costões e Lagunas do Rio de Janeiro, desenvolvido pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) com o apoio de outras instituições de ensino do estado. A criação do geoparque tem como objetivo a conservação de áreas com riquezas biológicas, geológicas, históricas e culturais, fomentando o turismo e, consequentemente, a economia local.
A Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (UNESCO) é a promotora deste programa internacional desde 2016. Por isso, o próximo passo para a implantação do projeto é a submissão à análise da entidade internacional, prevista para o ano de 2022. A iniciativa indica que trechos de 16 municípios façam parte da rota turística, desde Maricá até São Francisco de Itabapoana, no norte do Estado.
Em todo o Brasil, apenas um geoparque foi criado e aprovado. Trata-se do Araripe, localizado no estado do Ceará, que representa o Brasil na Rede Global desde 2006. Outros dois, no Rio Grande do Norte e no Rio Grande do Sul, estão em processo de submissão. Em todo o mundo, já são mais de 160 rotas deste tipo aprovadas pela Unesco.
A secretária municipal de Meio Ambiente, Raquel Trevizam, participou, recentemente, de um workshop on-line com os responsáveis pelo projeto desenvolvido no interior do Rio e coordenadores dos demais geoparques nacionais.
“Além do cunho educativo e patrimonial do projeto, foi apresentada a questão do geoturismo, um nicho pouco explorado na região e até no país. Vamos colaborar para que seja, de fato, implantado no nosso município”, afirmou.
A coordenadora científica do projeto, professora Kátia Leite Mansur, ressaltou a importância do alinhamento dos municípios em prol da implantação da iniciativa, que trará visibilidade internacional.
“A população se beneficiará com a divulgação, a nível internacional, do seu artesanato e gastronomia, riquezas que precisam ser pensadas de forma integrada, com o meio ambiente e a história local. São Pedro tem uma história maravilhosa, que se confunde com a do Brasil. O estudo já foi feito, agora estamos estreitando os laços para a submissão à Unesco”, disse.
Kátia faz questão de reforçar a ideia de que um geoparque é um lugar feito por pessoas, em que moram pessoas. Não é uma área apenas de proteção.
“Esses sítios valiosos estarão protegidos e a população que produz artesanato, que tem um pequeno restaurante com comida da terra, será beneficiada”.
Estudo feito em São Pedro da Aldeia
O estudo direcionado a São Pedro da Aldeia identificou dois geossítios de importância ecológica, geológica e com potencial turístico para integrar a rota. O projeto aponta que as serras de Sapiatiba e Sapiatiba Mirim possuem importante passado geológico, com quatro grandes momentos, dentre os quais se destaca a separação continental que originou a América do Sul e a África, assim como contribuiu para o atual formato das serras. Os indícios analisados pelos pesquisadores ficaram preservados nas rochas e minerais. Além da importância geológica, o local é referido como de alta biodiversidade e com uma bela vista da região, citada como parada obrigatória para qualquer turista.
As praias da Baleia e da Ponta da Areia (também conhecida como Praia do Boqueirão), localizadas a cerca de 5 km do centro da cidade, são outros pontos de destaque geológico. Nelas foram encontradas pontões de rochas muito antigas, datadas em aproximadamente 2 bilhões de anos, além de falhas geológicas.
Como pontos de interesse histórico-cultural destacam-se, no estudo, a Praça Agenor Santos e a Casa da Flor. Localizada no centro histórico do município, a praça abriga o conjunto da Igreja Matriz de São Pedro, a Capela do Sagrado Coração de Jesus, o Convento dos Jesuítas, o Cemitério Paroquial, além de um casario colonial de grande valor arquitetônico e histórico. Também ganha destaque a passagem de Charles Darwin na manhã de 10 de abril de 1832 pelo local.
A casa da Flor, obra única de Gabriel Joaquim dos Santos, não poderia ficar de fora da rota. Construída e adornada a partir de objetos reciclados e todo tipo de material que Gabriel encontrava pela frente, a casa levou 62 anos para ser concluída, é Patrimônio Cultural do estado do Rio de Janeiro (1983) e foi tombada como Patrimônio Nacional pelo IPHAN, em 2016.
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