Assim como tem acontecido em vários lugares do Brasil e do mundo, políticos do PSOL e de outros partidos, ativistas e militantes sociais da Região dos Lagos estão manifestando a morte da vereadora carioca Marielle Franco (PSOL) e seu motorista particular Anderson Gomes. Neste sábado (17), um ato em um evento no Horto Municipal de Cabo Frio vai homenagear o trabalho de Marielle.
O evento acontece a partir das 11h. De acordo com o presidente municipal do partido, Lucas Muller, uma visita de Marielle à cidade estava programada para este ano. O evento terá a participação do deputado federal Glauber Braga (PSOL-RJ).
“A luta dela dela não foi em vão. Nunca nos calarão. São dias tristes”, comentou Lucas Muller.
Membro da Executiva Municipal do PSOL e ligada a atividades de resgate e valorização da cultura negra, a professora Andreia Fernandes disse que o legado de Marielle vai permanecer.
“Nunca um “#somostodas” coube tão bem em um contexto nesse momento, porque esse é o nosso sentimento real, de que poderia e pode ser qualquer uma de nós, mulheres de luta. Hoje todas nós fomos mais um pouco assassinadas e a democracia também. Marielle vive. Somos toda Marielle”, comentou Andreia, que faz parte do Coletivo Griot Pesquisa, Difusão e Memória em Tradições Afro.

O Griot também vai fazer uma homenagem à vereadora neste domingo (18), durante uma das aulas da oficina de percussão feminina ‘Tambor de Iaiá’. A professora e pesquisadora Márcia Fonseca, que é coordenadora de História Afro e Indígena da Secretaria Municipal de Educação, destacou a luta de Marielle na defesa da população negra e pobre das favelas.
” A perda de Marielle foi algo irreparável para nós, mulheres pretas, para a fala do genocídio do povo negro e da denúncia da truculência da PM, principalmente como eles atuam dentro das UPPs”, diz a estudiosa, ressaltando dados de estudos que apontam o aumento no número de mortes de mulheres negras em relação às mulheres brancas.
Candidato do partido nas últimas eleições municipais em Cabo Frio, Cláudio Leitão também comentou o crime bárbaro. “Indignação e revolta, são os sentimentos mais presentes. Sua morte, sentida e lamentada, porém, não põe fim a luta por uma sociedade melhor. Vai nos servir de inspiração e motivação para seguir em frente. Conheci ela lá atrás, quando ainda era assessora do Freixo. O mundo inteiro hoje lamenta a morte de Marielle”, ponderou.
Câmara de Cabo Frio emite moção de pesar
A Câmara Municipal de Cabo Frio emitiu uma nota de pesar na noite desta quinta-feira (15) em razão do assassinato da vereadora carioca e de seu motorista. No texto, a Casa Legislativa cabo-friense destaca a atuação de Marielle Franco “no Legislativo carioca por sua luta em defesa das mulheres, presidindo a Comissão de Defesa das Mulheres e dos menos favorecidos”.
Durante a sessão, os vereadores, em especial Letícia Jotta (PSC) e Alexandra Codeço (PRB), falaram sobre o assunto.
“Não tem como não falar sobre o que aconteceu com a Marielle Franco. Ele tinha coisas em comum comigo: era mulher, negra e lutadora pelas mulheres. O mínimo que eu possa pedir é um minuto de silêncio da minha fala para fazer uma singela prestação de pêsames”, comentou Letícia.
“Esse crime triste me incentiva ainda mais a lutar pelos direitos e expressar o que eu penso e o que eu quero”, completou Codeço.

O presidente da Câmara de Arraial do Cabo, Ayron Freixo (PRB), se manifestou pelas redes sociais. Ele lamentou a reação de pessoas que têm ideologia polícia diferente da que expressava a vereadora.
“Esse assassinato extrapola as discussões ideológicas e partidárias, já que estamos falando não só da vereadora, mas da mulher, da mãe, da filha que era Marielle Franco. É uma derrota para a sociedade e para a democracia, que foram abruptamente privadas de uma representante exemplar do povo, com histórico de defesa da cidade que representava”, publicou.
Em sua página no Facebook, o deputado estadual Janio Mendes (PDT) também comentou o ocorrido. “É preciso que todo crime seja apurado com rigor e com responsabilidade. É preciso que a indignação tome conta de todos devido à covarde execução da Marielle, do Anderson e de todas as Marias e Joões, vítimas da barbárie no dia a dia”, postou.
A também deputada Márcia Jeovani (DEM) publicou mensagem lamentando o crime contra Marielle e dizendo que “reforça o empenho em apoiar e discutir sempre políticas públicas que atendam às necessidades básicas da população no enfrentamento da violência que assola o Estado, tendo a Educação como base de transformação de uma sociedade”.
Crime bárbaro
A Divisão de Homicídios da Polícia Civil segue investigando os autores dos disparos que mataram a vereadora e do seu motorista Anderson Gomes, de 39. O crime aconteceu na noite de quarta (14) na Rua Joaquim Palhares, no bairro do Estácio. Marielle tinha acabado de sair de um encontro na Lapa, a cerca de 3 Km do local onde foi morta.
Um carro emparelhou ao que estava a vereadora e fez nove disparos. Quatro dos tiros atingiram o rosto de Marielle. A principal possibilidade levantada pela polícia é execução. A vereadora vinha sendo forte crítica da atuação da autoridades policiais nas favelas da cidade, em especial após a intervenção militar na segurança pública, iniciada há um mês.
Os corpos foram enterrados nesta quinta (15) em clima de revolta. Manifestações foram realizadas em vários pontos do centro do Rio e em cidades, como São Paulo. Novos atos estão marcados para a tarde desta sexta (16).
