Na manhã desta quinta-feira (19), dois dias após assumir o cargo de prefeito de Cabo Frio, Dr. Adriano Moreno concedeu uma entrevista exclusiva ao Fonte Certa. No bate-papo foram faladas sobre as medidas realizadas já no primeiro dia de governo, além das pretendidas para o início da gestão. Também foi comentado sobre os cortes de funcionários e a nova organização das secretarias.
Adriano venceu as eleições suplementares, que aconteceram no dia 24 de junho, com mais de 34 mil votos, e assumiu oficialmente o município após a cerimônia solene de posse, na Câmara Municipal, nessa terça-feira (17).
Confira a entrevista:
Fonte Certa– O que o senhor acha que já pode ser mudado logo de início?
Adriano– Ontem nós assinamos um decreto eliminando quase 1700 portarias, que já foram exoneradas. Agora, estamos levantando os contratos que foram feitos no período eleitoral, de modo ilegal, porque precisamos enxugar a máquina pública, que está muito inchada. Isso é uma meta nossa, para que a gente possa pagar com dignidade os funcionários que trabalham, para que possamos investir em nosso município.
Infelizmente, nos últimos anos, a Prefeitura se tornou o maior empregador desse município, o que é um erro muito grande. Todo mundo que se propõe a fazer isso está fadado à falência. Sabemos que o grande gerador de emprego do município tem que ser o empresariado. Nós estamos trabalhando também para que este (empresários) possa investir, que aquele que queira se estabelecer no nosso município possa ter condições e com isso gerar emprego e renda.
Fonte Certa– Ao demitir esses funcionários, será preciso recontratar uma parte. Essa medida não volta a encharcar a máquina?
Adriano– O nosso secretariado está levantando, junto ao seus organogramas, o número de funcionários necessários para que aquela pasta funcione, nada além disso. Cada pasta, cada secretaria estava lotada de gente, muitas que nem compareciam em seus setores.
Fonte Certa– Na questão da folha da Educação, como o senhor pretende trabalhar? Irá continuar de forma centralizada ou irá começar a dividir essa questão?
Adriano– Nesse momento, a gente não pode fazer grandes mudanças porque elas podem impactar no final, nos serviços essenciais. Hoje, a educação é a única pasta que tem a folha própria, por conta do recurso do Fundeb. Existe uma determinação para que a saúde também tenha folha própria. Nesse primeiro momento nós não vamos trabalhar assim. Continua na secretaria de administração, trabalhando a folha e estamos sendo muito rigorosos com relação a isso.
Fonte Certa– Em relação a folha de pagamento, já houve alguma conversa com o Ministério Público?
Adriano– Sim. Nós assinamos os decretos ontem (terça-feira, 18), nas auditorias, que estão sendo feitos pela procuradoria geral do município, em parceria com o MP. Estamos levantando todos os contratos, para que a gente possa detectar algum mal feito, e isso ocorrendo, o MP vai tomar as providências legais nesse sentido. Nós vamos tomar as providências, para que possamos reaver algum erro e as punições legais, criminais é por conta do Ministério Público.
Fonte Certa- Na questão do secretariado, já foram divulgados 19 nomes no primeiro escalão. No outro governo, o número de coordenadores e superintendências era diferente. Como vai ficar essa questão?
Adriano– A gente pegou esse governo já em movimento, então existe um organograma que foi feito para o ano de 2018. Nós temos que mantê-lo. A Lei não permite mudanças. A partir de 2019 esse organograma será todo mexido. O que temos feito é, dento do organograma atual, não nomear pessoas para não inchar a máquina pública. Existem lá várias coordenadorias, várias superintendências, mas não vamos colocar pessoas nesses cargos para que a gente possa enxugar , e no próximo ano, ter um organograma enxuto, feito pela nossa equipe.
Fonte Certa– Não colocando ninguém, quem vai comandar essas coordenadorias e superintendências? Por exemplo, a Coordenadoria da Criança e do Adolescente?
Adriano– A questão da Criança e Adolescente será respondida pela Secretaria de Ação Social e não terá aquele monte de funcionário ligado à essa área. Todas as pastas do município estão lotadas, então estamos as enxugando para fazer um organograma mais enxuto. Mas temos que respeitar a Legislação.
Fonte Certa– Durante a posse na Câmara notou-se uma população muito agitada. E durante seus discursos e até mesmo na campanha eleitoral, sempre foi falado sobre paz e tranquilidade. Por que o senhor acha que houve aquele movimento todo da população?
Adriano– A população, não só de Cabo Frio, mas de todo o país, não suporta mais essa política que se instalou, que sempre prezou pelo bem próprio, não pelo bem comum. A população chegou em um estágio de saturação. Pode-se ver que estamos a poucos meses de uma eleição para Presidente da República, para Governador do Estado, e nós não temos uma definição. Isso mostra a insatisfação da população para com o homem público.
O político, deve ser um servidor que trabalha para o bem em comum, para que o cidadão que trabalha, tenha seus direitos preservados, o que não ocorre a muitos anos no nosso país. Por isso há esse clamor, essa revolta popular. O país está sendo passado a limpo. Começou com a Operação Lava a Jato, prendendo políticos que nunca imaginaríamos que seriam presos, autoridades, então a situação de hoje é de transformação, que nós prezamos que seja o menos traumática possível, porque “a corda sempre estoura no mais fraco”, e o mais fraco sempre é o cidadão.
Fonte Certa– Nessa ordem de exoneração, o mais fraco vai sofrer também? Porque os cortes sempre acontecem nos que estão abaixo.
Adriano– Na realidade não, porque, quando nós liberarmos no portal da transparência a folha de pagamento, vocês vão descobrir muita gente que era forte na verdade. Nós iremos colocar tudo no portal, a meta é fazer tudo na transparência total.
Fonte Certa– Em quanto tempo o senhor acha que consegue fazer isso? Há uma previsão?
Adriano– Não se tem essa estimativa ainda. Ontem mesmo o sistema caiu de modo inexplicável. Estamos levantando as folhas de pagamento, trabalhando para que volte o sistema.
Fonte Certa– A gente pode ver que a população aguarda o senhor na rua. Iremos ver isso acontecer?
Adriano– Para o dia de hoje, o trabalho é de serviço interno, para a gente ver se consegue colocar a prefeitura em dia. Mas sim, eu estou sempre na rua.
A entrevista na íntegra pode ser conferida na página do Fonte Certa no Facebook.
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