Duna Branca protegida: projeto visa cercar toda área

No coração da batalha pela preservação ambiental em Cabo Frio, o Projeto Duna Viva, gerido pelo Instituto EcoVida, se apresenta como uma iniciativa que atua no cercamento, coibição das invasões e replantio da Duna Dama Branca, localizada no Parque Estadual da Costa do Sol, desde janeiro de 2024. O movimento foi elaborado em 2022, mas só depois do rito de passagem pelo Ministério do Meio Ambiente ele foi implementado. A área trabalhada pelo projeto concentra cerca de 23 hectares. 

O gestor Ambiental e coordenador técnico do Projeto Duna Viva, Juan Gomes, disse que a ação pretende cercar 7,6 km da região. Ele afirma que o principal objetivo do projeto é ser uma ferramenta na proteção da biodiversidade local. 

“A área da Duna Dama Branca é uma área que sofre com ameaças de todos os lados, literalmente. Temos ameaças biológicas como a invasão de vegetação exótica (casuarina, agave, entre outras), temos também as ameaças antrópicas, como o turismo predatório realizado pelos quadriciclos e buggy, uma vez que é proibida a presença de veículos automotores dentro de Unidades de Conservação do estado do Rio de Janeiro.”, disse Juan. 

Somado a isso, Juan aponta ainda que a presença de animais que não são nativos do local, como os cavalos, por exemplo, também gera impactos negativos nas dinâmicas biogeoquímicas das dunas. 

O gestor explica que esses são alguns dos desafios que impactam no trabalho que sua equipe vem realizando na região. Porém, ele destaca que embora isso dificulte a ação, o maior obstáculo tem sido lidar com algumas pessoas. 

“Acho que o principal desafio tem sido lidar com a educação das pessoas, digo isto pois já tivemos mourões furtados, já tivemos mourões retirados para dar passagem a veículos”, informou. 

O projeto visa plantar 1700 mudas e, de acordo com Juan, aproximadamente 700 alunos serão atingidos diretamente pelas atividades de educação ambiental do movimento. Além disso, cada viveiro terá a capacidade de produzir 1200 mudas, mas para isso existe todo um preparatório. 

A área trabalhada pelo projeto concentra cerca de 23 hectares. Foto: Projeto Duna Viva

“A recuperação de qualquer área de restinga é sempre um desafio, pois é um ambiente muito singular em diversos aspectos. Por isso toda muda que formos utilizar deve passar por diversos ‘estresses’, hídrico, calorífico, escassez de nutrientes, antes de ir a campo e é nessa fase de aclimatação em que nos encontramos. Precisamos deixar as mudas aptas a sobreviver no ambiente de restinga”, pontuou Juan. 

Com menos de cinco meses de atuação, o Projeto Duna Viva já tem surtido resultados positivos. 

“A mera ausência, ou redução, de veículos automotores na área da duna Dama Branca já está gerando impactos ambientais no local. Vide a ‘descoberta’ de exemplares de matureia-da-praia e quaresmeira-das -dunas, espécies raras e ameaçadas em todo ecossistema de restinga. A retirada das mudas de casuarina do local, também ajuda a dar espaço para que espécies nativas como as supracitadas ganhem espaço novamente e possam se desenvolver da maneira como deve ser.”, informou Juan. 

Juan lembra ainda que a manutenção e proteção das dunas e da biodiversidade ao seu redor pode ajudar também a evitar alagamentos na cidade. 

Em nota, a prefeitura de Cabo Frio disse que a gestão municipal atuou no Projeto Duna Viva apoiando na cessão de espaço no Horto Municipal, para que as mudas de plantas pudessem ficar alocadas. Além disso, a prefeitura disponibilizou ao projeto o apoio municipal através da cessão de uma viatura, para atender demandas específicas do Duna Viva.

Atualmente, essas espécies já estão nos viveiros, localizados no Colégio Estadual Miguel Couto e no Instituto Federal Fluminense (IFF), também parceiros do projeto.