A sub-sede do Iate Clube do Rio de Janeiro (ICRJ), em Cabo Frio, entregou, na última quarta-feira (25), as medalhas para os vencedores do 30º Torneio Cabo Frio Marlim Invitational para os pescadores que conseguiram registrar a maior quantidade de marlim-azul, uma das espécies de peixes mais difíceis de avistar no oceano. A equipe vencedora irá concorrer ao mundial, na Costa Rica.
A competição começou no domingo (22), com 14 embarcações. Em três etapas, os participantes precisaram pescar o marlim-azul, contando como critério a espessura da linha, que, quanto mais fina, mais pontos são registrados na avaliação. Além disso, para ganhar o campeonato, os navegantes tiveram que filmar a captura e soltura do peixe.
O comandante da lancha Feeras conta como foi participar do torneio. “Começamos muito mal porque a lancha quebrou. Mandei buscar uma lancha menor no Rio de Janeiro. Apesar disso, nos últimos dias fomos muito bem. Conseguimos registrar, no total, sete peixes”, lembra Paulo Campos, que ficou em segundo lugar na competição.
A zona oceânica de Cabo Frio possui rica diversidade de peixes. A atividade de pesca esportiva atrai diversos turistas, movimentando um mercado de alta lucratividade para os municípios. No estado do Amazonas, o segmento movimenta cerca de R$ 70 milhões.
“Nossa cidade é um lugar muito especial para esse tipo de pesca. É difícil encontrar no mundo um lugar com tanto marlim-azul que seja tão grande quanto aqui. Recentemente, tivemos um peixe muito grande com mais de 300 kg”, comenta Evandro Soares, diretor de pesca do ICRJ, em Cabo Frio.
Existe também uma preocupação com a renovação dos estoques pesqueiros e conservação das espécies. Para isso, o ICRJ colaborou com as pesquisas para identificar e monitorar os marlins-azuis em alto mar por meio da parceria com os professores e pesquisadores Eduardo Pimenta do Projeto Marlim e Alberto Amorim do Instituto de Pesca de São Paulo e com o apoio da Universidade Veiga de Almeida (UVA) de Cabo Frio. Através dos dados coletados, os pesquisadores observaram que a espécie que vive na costa cabo-friense possui um DNA diferente. Isso ajuda a ela ser mais resistente devido à variabilidade genética.
“O princípio básico é a ciência, o esporte e o lazer. Em parceria com o Iate Clube do Rio de Janeiro, nós conseguimos avanços significativos nas campanhas oceanográficas fazendo coletas de larvas, pós-larvas e juvenis de peixes de bico, estudos de DNA, maturação gonadal, conteúdo estomacal e relação de peso, comprimento e idade. Com isso, nós construímos um conjunto de informações que subsidiam a exploração sustentável de peixes de bico no Oceano Atlântico na parte oeste”, explica Eduardo Pimenta, coordenador do programa de pesquisa de peixes em Cabo Frio.
O conhecimento é produzido com estudantes e professores locais, incentivando a pesquisa voltada aos municípios da Região dos Lagos. “A universidade faz diversas pesquisas em que podemos colocar nossos pesquisadores em parceria com a pesca esportiva, subsidiando informações internacionalmente”, disse Nirley Barros, diretor da UVA de Cabo Frio.