Câncer de Pele: Com alta do índice ultravioleta, especialista dá dicas de prevenção e combate

INCA estima que mais de 600 mil casos da doença surjam em 2025

Quando o verão chega, os dias de sol passam a ser os mais esperados por aqueles que querem aproveitar a estação mais quente do ano. Na Região dos Lagos, as praias se enchem e a busca pelo bronze dourado começa. No entanto, especialistas garantem que os dias quentes exigem mais atenção e cuidado, pois a exposição ao sol sem proteção é, sem dúvidas, o maior vilão para a saúde da pele.

No Brasil, a estimativa do Instituto Nacional de Câncer (INCA) é que mais de 600 mil novos casos de câncer de pele sejam diagnosticados somente neste ano. Segundo a dermatologista Alexandra Cariello, a radiação solar cumulativa é um dos principais fatores de risco para a doença e, por isso, ela é uma das mais comuns no País. “Fatores genéticos influenciam, mas o câncer de pele tem uma relação direta com a exposição solar sem proteção. Quanto mais o paciente se expõe ao longo da vida, mesmo que na infância, maiores vão ser os prejuízos no futuro. E isso é algo que as pessoas devem ficar atentas, pois os danos só aparecem no futuro”, explicou a médica, que atua em Cabo Frio há cerca de 15 anos.

Nas últimas semanas, o principal atenuante da doença não tem dado trégua, mesmo durante os dias nublados. Na Região dos Lagos, desde o início de fevereiro, o Índice Ultravioleta (IUV) – que mede a intensidade dos raios solares que causam queimaduras na pele e pode variar de zero a 16 – chegou a níveis considerados muito altos (de 8 a 10) e até extremos (de 11 a 16). Só nesta quarta-feira (5), segundo a Divisão de Satélites e Sensores Ambientais do Instituto Nacional de Pesquisas Especiais (INPE), o índice ultravioleta (IUV) atenuado variou entre 10 e 12 em alguns municípios da região. E nessa quinta (6), o índice chegou a 10 em todas as cidades.

De acordo com Cariello, quando os níveis ficam altos, a única saída é a proteção. “A melhor forma de se proteger, lutar contra esse câncer, é realmente se protegendo do sol. A gente sabe que nenhum filtro solar consegue proteger de forma 100% efetiva. Então, o ideal é que o paciente use outro tipo de proteção associada ao filtro, como roupas, óculos e chapéus, e adote medidas como evitar o sol das 10h às 16h, pois, mesmo que a pessoa fique na sombra, nesse horário os índices são maiores e causam mais danos. Ter esses tipos de cuidado no dia a dia é super importante, e não só quando vai à praia”, explicou.

Alexanda Cariello, médica dermatologista.

Entenda como surge o câncer de pele e outras medidas de prevenção

Alexandra explica que há vários tipos de câncer de pele. Os subgrupos da doença se dividem entre o tipo não melanoma e o melanoma. No entanto, apesar da divisão, a manifestação da doença costuma ser a mesma: ela aparece por meio de manchas que costumam coçar, descamar e até sangrar. As alterações surgem como sinais ou pintas, que mudam de tamanho, cor e formato e, quando se tornam feridas, podem levar mais de quatro semanas para cicatrizar.

Dentro dos tumores de pele não melanoma, o carcinoma basocelular e o carcinoma espinocelular são os mais comuns e estão mais associados à exposição solar. Já o melanoma, por outro lado, é menos incidente, muito mais agressivo e está ligado a questões genéticas ou queimaduras solares mais intensas. As lesões costumam aparecer nas regiões do braço, pernas, cabeça, rosto, pescoço e ombros. “São áreas que ficam mais expostas”, conta a dermatologista.

Perguntada sobre o maior desafio para a diminuição do câncer de pele no País, a médica afirmou que a falta de orientação e de acesso a filtros solares são os principais problemas. No entanto, para ela, a proteção solar aliada à realização de consultas periódicas são as principais medidas contra a doença, sendo ações essenciais para o diagnóstico precoce.

“É muito importante que, pelo menos uma vez por ano, as pessoas realizem uma consulta com o dermatologista. Mesmo com os indicadores, é muito difícil que elas percebam a formação do câncer de pele em estágio inicial. Elas vão perceber quando for uma lesão mais avançada e isso prejudica muito a cura, que é 100% eficaz quando a doença é descoberta no início. Atualmente, os dermatologistas têm tecnologia avançada para avaliar qualquer mancha, pinta e lesão na pele. Com o profissional, os pacientes vão ter acesso à dermatoscopia e ao mapeamento corporal total, que contam muito na hora do diagnóstico”, esclareceu.

Para que as pessoas se cuidem no dia a dia, a orientação da médica é que, independente do sol, as pessoas bebam muita água e usem o máximo possível de filtro solar todos os dias. “Não tem jeito, o método de barreira é o mais eficaz que existe para a prevenção do câncer de pele hoje em dia. Quem não pode usar tanto filtro, deve usar roupas para se proteger. E claro, todos devem estar sempre atentos aos horários e buscar acompanhamento médico.”, concluiu a dermatologista.