A partir desta segunda-feira (28), o Portal Fonte Certa estará divulgando entrevistas dos seis candidatos a prefeito nas eleições suplementares de Cabo Frio. Durante a semana, o eleitor cabo-friense vai poder conhecer os posicionamentos e as propostas daqueles que querem assumir o Executivo da cidade. A ordem da divulgação das matérias ao longo da semana foi definida de acordo com a disponibilidade do candidato em conceder a entrevista ao portal. Nesta segunda é a vez do eleitor conhecer as ideias do candidato Rafael Pençanha (PDT).
Rafael tem 34 anos. Foi eleito vereador em 2016, fazendo parte da oposição do governo na Câmara Municipal de Cabo Frio. Ele também preside a Comissão de Direitos Humanos da casa legislativa. É professor de história, especialista em Sociologia Urbana (UERJ) e Mestre e Doutor em Antropologia (UFF). Confira a entrevista do candidato:
Fonte Certa:Muito se foi comentado sobre uma possível aliança entre você e o candidato Adriano Moreno. Por que essa aliança não se concretizou?
Rafael Peçanha: Durante algum tempo o PDT discutiu bastante as possibilidades da minha candidatura própria ou o apoio ao Adriano, e fizemos isso com muita democracia. Optamos em ter uma conversa com o Adriano para saber como ele visualizava essa possibilidade de união e sentimos uma falta de diálogo, que culminou na decisão do partido em me lançar com candidatura própria. Depois dessas movimentações o que a gente viu foi o crescimento do meu nome. Eu era um barquinho furado no meio da lagoa e me tornei um jetski, com um transatlântico afundando do meu lado. A política acontece de uma maneira muito dinâmica.
Fonte Certa: Se essa aliança entre os partidos se concretizasse, você seria o vice de Adriano?
Rafael Peçanha: Eu jamais aceitaria ser vice-prefeito. Se eu aceitasse o cargo de vice me traria uma autonomia, independência e participação efetiva menor. O vice-prefeito é uma figura controvérsia que basicamente só serve, constitucionalmente, pra substituir o prefeito em casos de impedimentos. E eu não gostaria de exercer somente esse papel. Preferia continuar como vereador a ser vice, nesse caso.
Rafael é atualmente é um dos vereadores de oposição. Foto: Reprodução/ Internet
Fonte Certa:O não fechamento dessa aliança deixou algum tipo de mágoa?
Rafael Peçanha: Eu não faço políticas com mágoas. A política é feita de acordos, conversas e composições que podem dar certo ou não. Da minha parte não ficou nenhum sentimento negativo e eu estou sempre disposto a ouvir e a receber pessoas que tenham boas intenções para Cabo Frio, independente do que tenha acontecido antes. A situação da cidade é muito urgente pra gente ficar alimentando ‘picuinhas’. Temos que pensar grande.
Fonte Certa:Você tem medo de que alguma conduta de políticos ligados ao PDT, como Jânio Mendes, respingue na sua campanha?
Rafael Peçanha: Não tenho nenhuma preocupação enquanto a isso. O Jânio é um político com vários anos de carreira e que ocupou vários cargos e, naturalmente, uma pessoa com muitos anos de política comete erros e acertos. E neste caso, os acertos são maiores do que os erros. Venho de uma história que tem Jânio, Bonifácio, Mirinho e entre outros. Não há medo porque sempre deixei claro a minha identidade e autonomia política e meu mandato de vereador é a prova disso.
Fonte Certa:Mesmo ligado a esses nomes, você assegura que será a renovação de Cabo Frio?
Rafael Peçanha: Só sou candidato a prefeito porque eu tenho a certeza que sou a renovação que Cabo Frio precisa.
Fonte Certa:O que você pretende fazer pela cidade em dois anos?
Rafael Peçanha: Vamos levar propostas concretas e objetivas sem querer enganar o eleitor. Vamos ver muitos candidatos prometendo mundos e fundos. Nesse mandato de dois anos vai ser possível organizar a casa e tapar os buracos e resolver os problemas mais imediatos da população, e, no próximo governo de quatro anos buscar o real desenvolvimento da cidade. Queremos colocar a máquina pública para funcionar e dar o básico para população, que não há hoje.
Fonte Certa: Em seus discursos você sempre levanta a questão da transparência. Como será esse ponto no seu governo?
Rafael Peçanha: A transparência é a coisa mais simples de ser feita e o que menos a gente vê. Pra resolver isso é bastante simples: disponibilizar total acesso das folhas de pagamento e os extratos mensais das contas da Prefeitura, além de criar um conselho municipal da transparência. São deveres e obrigações para mostrar que a gestão não deve nada a ninguém e não tem medo da transparência.
Rafael promete trazer a renovação da política cabo-friense. Foto: Fonte Certa
Fonte Certa:Quais são suas metas para os setores da Educação e da Saúde?
Rafael Peçanha: Para todos os setores a ação primordial é acertar a folha de pagamento e fazer a cidade girar, movimentando a economia privada. Pagar o servidor não é uma questão de classismo, e sim, de movimentar toda a economia.
Na educação especificamente é preciso trabalhar no modelo de educação integrada com atividades esportivas e culturais no contraturno escolar, impedindo a ida dos alunos para a criminalidade. Na saúde é preciso expandir os ESF e acabar com o sistema de cabresto de influência política na marcação de consultas. Tanto a educação quanto a saúde precisam de uma gestão eficiente de verbas para melhorar seus serviços.
Fonte Certa:Em relação a Comsercaf, o que será feito?
Rafael Peçanha: O servidor da Comsercaf, no nosso governo, terá os seus direitos mantidos. Defendemos que a Comsercaf deve passar por uma mudança estrutural porque não há sentido nas tramitações da autarquia. Devemos reduzir a influência da compainha na contratação dos serviços públicos. Precisamos trazer a gestão de volta para a Prefeitura, eliminando o sistema de atravessador para reduzir valores de contratações e usando melhor o dinheiro da população.
Fonte Certa:O que você faria diferente ou repetiria desses últimos 22 anos entre governos de Marquinho Mendes e Alair Corrêa?
Rafael Peçanha: Não repetiria nada porque os avanços que a cidade teve nesse tempo, teria com qualquer outro modelo de gestão. O que tivemos, na verdade, foi um sub aproveitamento do potencial da cidade com o esquecimento das questões sociais. Temos ainda um taxa alta na mortalidade infantil e de pessoas abaixo da linha de pobreza. Temos um aproveitamento cultural pequeno. Essas questões não exploradas, mesmo com a explosão das verbas dos royalties, precisam ser consertadas.
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Nesta terça-feira (29), o bate-papo será com o candidato Leandro Cunha.
