A fumaça das queimadas que tem coberto grande parte das cidades do interior fluminense preocupa não apenas ambientalistas, mas também médicos e especialistas em saúde. Isso porque ela contém uma série de gases e partículas nocivas, como o monóxido de carbono (CO) e o material particulado fino (PM2.5), pequenas partículas suspensas no ar.

Esses elementos são altamente prejudiciais à saúde, podendo agravar doenças respiratórias e aumentar o risco de problemas cardiovasculares. A pneumologista Margareth Dalcolmo, presidente da Sociedade Brasileira de Pneumologia e Tisiologia, ressalta que a exposição prolongada a esses compostos tóxicos pode desencadear uma crise de saúde pública. “Estamos observando um aumento nas hospitalizações por problemas respiratórios e cardiovasculares. Os efeitos a médio e longo prazo ainda são incertos, mas certamente haverá um impacto significativo na economia da saúde”, alerta a médica.

Mas o que exatamente compõe a fumaça das queimadas e por que ela é tão prejudicial ao organismo? Veja abaixo os principais componentes dessa mistura tóxica:

Material particulado (PM2.5)
Formado por minúsculas partículas poluentes presentes na fumaça, o PM2.5 refere-se a partículas com diâmetro de até 2,5 micrômetros – muito menores que um fio de cabelo. Devido ao seu tamanho reduzido, elas podem ser inaladas e penetrar profundamente nos pulmões, causando sérios danos à saúde.

Monóxido de Carbono (CO)
Esse gás, liberado pela queima incompleta de materiais como madeira e combustíveis, é extremamente tóxico. O CO se liga à hemoglobina no sangue, impedindo o transporte de oxigênio para os tecidos do corpo. Sem oxigênio, as células não produzem energia, o que pode levar à morte celular. Em áreas urbanas, o monóxido de carbono também é liberado em grande parte pela queima de combustíveis em veículos.

Compostos Orgânicos Voláteis (COVs)
Esses gases são emitidos por substâncias sólidas e líquidas, como gasolina e pesticidas. Durante as queimadas, grandes quantidades de COVs são liberadas no ar, aumentando o risco de irritação respiratória e até câncer, com danos aos pulmões, sistema nervoso central, rins e fígado.

Óxidos de Nitrogênio (NOx) e Ozônio
Óxidos de nitrogênio e ozônio são conhecidos poluentes atmosféricos. Eles podem ser liberados por vulcões, raios e queimadas, e suas altas concentrações provocam crises de asma, especialmente em crianças, além de sintomas como falta de ar e chiado no peito.

Metais Pesados
A fumaça também pode conter metais pesados como chumbo e mercúrio, extremamente tóxicos, mesmo em pequenas quantidades. A exposição prolongada a esses metais pode causar inflamação, danos aos órgãos vitais e aumentar o risco de câncer, além de doenças cardiovasculares e respiratórias crônicas.

Queimadas na Região dos Lagos preocupa

Só nos oito primeiros meses deste ano, o número de incêndios florestais cresceu cerca de 85% no Estado do Rio de Janeiro. Na Região dos Lagos, já sãom mais 40 incêndios de grande porte registrados em Arraial do Cabo e Araruama – que apareceu em 7º lugar no ranking de municípios mais afetados pelas ocorrências no estado.

Apesar do aumento das ocorrências estar ligado a questões climáticas, de acordo com o Chefe de Coordenadoria de Fiscalização Ambiental e Marítima de Arraial do Cabo, Leonardo Sandre, muitos dos incêndios que ocorreram no município cabista têm características de ação criminosa, e não são acidentais. O coordenador explica que, nos períodos em que as ocorrências são registradas, ações de fiscalização e coibição são realizadas.

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