Folha dos Lagos: 35 anos de jornalismo com identidade, coragem e memória

Fundado por Moacir Cabral em 1990, jornal consolidou-se como patrimônio da Região dos Lagos

Nesta quarta-feira (30), a Folha dos Lagos completa 35 anos de uma história que se confunde com a da própria imprensa da Região dos Lagos. Nascido a partir do sonho e da ousadia do jornalista Moacyr Cabral, o jornal colocou nas ruas, em 1990, o primeiro exemplar de um veículo que viria a se tornar sinônimo de credibilidade e resistência.

Naquela época, Moacir já acumulava experiência como repórter do jornal O Globo e trazia no currículo a escola de Campos dos Goytacazes — cidade com forte tradição jornalística. Instalado em Cabo Frio, ele adquiriu o título Folha de Cabo Frio do jornalista Ralf Bravo. Pouco depois, fez um movimento decisivo: rebatizou o jornal como Folha dos Lagos, ampliando seu olhar para toda a região e fincando as bases de um jornalismo local com identidade própria.

Mais de três décadas depois, Moacir mantém a clareza do que o jornal representa. “Fui, em 1990, apenas um instrumento de construção da Folha dos Lagos. O jornal é hoje de todos nós, verdadeiro patrimônio da sociedade, e isso graças aos colaboradores que estiveram na equipe. Todos, pautados pelos ideais que sugerem o jornalismo, construíram a grandiosidade da Folha”, afirma.

Foram décadas de cobertura intensa — política, cultura, sociedade, lutas populares — sempre com espírito crítico e atenção às transformações do tempo. A Folha sobreviveu a trocas de governo, crises econômicas, desafios financeiros e revoluções tecnológicas. Sempre com um princípio claro: estar a serviço da comunidade.

Hoje, esse legado está nas mãos de Rodrigo Cabral, filho de Moacir e editor do jornal há mais de dez anos. Ele acompanha a Folha em seu momento atual, em que passado e presente se entrelaçam. “A gente assimilou as transformações tecnológicas, mas voltou às raízes para entender a motivação que fundou o jornal”, conta Rodrigo.

Esse compromisso se traduz não apenas na linha editorial, mas também na preservação da própria história. O jornal guarda em seu acervo mais de seis mil edições, mantidas com recursos próprios e também disponíveis na Biblioteca Nacional. “A Folha é um dos poucos jornais regionais com esse acervo acessível para consulta pública, em respeito à lei de depósito legal”, destaca.

Com circulação semanal e presença nas redes sociais, a Folha dos Lagos privilegia temas ligados à história, à memória, à defesa do servidor e do trabalhador. Mantém postura crítica, doa a quem doer. “A ética jornalística é, mais do que nunca, um diferencial competitivo”, afirma Rodrigo, ressaltando que o jornal, durante toda sua trajetória, ganhou vida própria: “Por aqui passaram muitos jornalistas, colunistas, colaboradores, tantos eventos e debates. A Folha virou um patrimônio de todos. Ela é maior que a gente.”

Chegar aos 35 anos, segundo ele, é sinônimo de ousadia com os pés no chão. “O jornal é um contrato com a comunidade. Enquanto esse contrato estiver de pé, seguimos em frente. E que venham mais 35 anos.”