O “FonteCerta Explica” desta sexta-feira (5) vai apresentar os perfis dos candidatos à presidência da República Jair Bolsonaro, Marina Silva e Álvaro Dias. A série de reportagens é feita pelos alunos do Curso de Jornalismo da Universidade Veiga de Almeida (Campus Cabo Frio). Além dos presidenciáveis, a série de matérias também apresenta perfis dos candidatos ao governo e senado do Estado do Rio. A ordem dos perfis foi decida em sorteio.
Jair Bolsonaro (PSL)
O deputado federal Jair Bolsonaro, de 63 anos, aparece, de acordo com recentes pesquisas, em primeiro lugar na disputa de presidenciáveis. Militar e professor de educação física, Bolsonaro é deputado federal desde 1991 e acumula sete mandatos, em sua maioria inseridos em partidos diferentes. Para se candidatar esse ano, Bolsonaro trocou de partido novamente, saindo do Partido Social Cristão para o Partido Social Liberal.
Devido aos seus discursos condenatórios e incisivos sobre o combate a corrupção, a segurança pública e a mudança de alguns aspectos dentro das escolas, Bolsonaro carrega admiradores que o consideram “destemido” por dizer o que se pensa. Por outro lado, seus discursos pragmáticos também o fazem ser o candidato à presidência com maior índice de rejeição. Segundo dados recentes levantados pela BBC, cerca de 42% de eleitores aptos a votar não votariam em Jair Bolsonaro de maneira alguma, devido às suas afirmações e discursos.
Em seu plano de governo, defende a valorização do tradicionalismo familiar, a valorização do militarismo e defende, também, a redução da maioridade penal para 16 anos. É a favor do “Escola Sem Partido”, movimento político criado em 2004, que acredita na doutrinação ideológica feita por professores nas escolas. Também no âmbito educacional, acredita em um modelo sem o incentivo da sexualizacão precoce e pretende priorizar a educação básica, o ensino médio e o técnico. Defende a mudança da base nacional curricular comum.
Na economia, se compromete a reduzir o número de ministérios e ter apenas dois órgãos responsáveis: o Banco Central e o Ministério da Economia, que concentraria o Ministério da Fazenda, Planejamento e Indústria e Comércio. Em seu plano, propõe liquidar a dívida pública em 20% a partir de privatizações e a diminuição da carga tributária. A criação de um modelo alternativo de capitalização, além da Previdência, também é uma proposta. Além disso, criará uma carteira de trabalho “verde e amarela”, como alternativa da CLT Comum.
Durante sua campanha, Bolsonaro conta com declarações e posicionamentos extremados, fortemente criticados pela oposição. Algumas de suas declarações são marcadas como sexistas, controversas, preconceituosas e contrárias aos Direitos Humanos. Nesse contexto, uma de suas propostas iniciais, líder em centenas de discussões nas redes sociais, Bolsonaro promete a reformulação do Estatuto do Desarmamento. Isto é, a legalização do porte de arma para pessoas físicas. Segundo ele, as armas “são instrumentos que podem ser utilizados para matar ou salvar vidas”. Em relação à criminalidade, entende que a maioridade penal pode ser reduzida para 16 anos e alega poder tratar os crimes com mais rigidez, como por exemplo, a castração química em casos de estupro.
O deputado foi considerado réu em três processos. Injúria e incitação ao crime de estupro por declarações feitas à deputada do PT Maria do Rosário, em 2003. Também responde a um processo de injúria racial contra quilombolas, após declaração dada em 2017. No dia 12 de setembro de 2018, Bolsonaro foi inocentado do processo de injúria racial.
Durante um ato de campanha em Juiz de Fora, em Minas Gerais no mês de setembro, Bolsonaro foi esfaqueado na região do tórax por um homem que se diz contrário a sua ideologia. O candidato foi submetido a uma cirurgia no mesmo dia para reparar os dados causados pela lesão. Enquanto Bolsonaro se encontrava hospitalizado e em recuperação, a sensibilização causada pelo ataque fez com que seus pontos na pesquisa eleitoral alavancassem em pouco tempo. Em recente pesquisa publicada pelo Infomoney, 99% dos eleitores entrevistados sabiam do ocorrido e 24% informaram que a chance de votar em Bolsonaro cresceu devido ao ataque.
Resultados como este apontam que a corrida presidencial passará, ainda, por diversos desdobramentos e novos levantamentos provocarão um significativo impacto nos resultados de outubro.
*Texto escrito pela aluna Karolyna Prá com supervisão da Profª Mônica Sousa*
Marina Silva (Rede)
Maria Osmarina Marina da Silva Vaz de Lima, Acriana, formada em História, começou sua participação na política ao lado de Chico Mendes, participando de um movimento contra o desmatamento ilegal que ficou conhecido como “empates”, em que as famílias seringueiras faziam correntes humanas para resistir ao avanço dos madeireiros.
Em 1988, se filiou ao Partido dos Trabalhadores (PT) onde ficou por 24 anos, se tornando vereadora, deputada estadual e, em 1995, tornou-se a mais jovem senadora eleita no país. Também no PT, foi Ministra do Meio Ambiente no primeiro mandato do partido, deixando o cargo em 2008, alegando dificuldade em prosseguir sua agenda ambiental federal, voltando ao Senado. Em 2009, se filiou ao Partido Verde (PV), onde foi lançada como candidata à presidência.
Sua primeira eleição como candidata à presidência foi em 2010, ficando em terceiro lugar atrás de Dilma Rousseff e José Serra. Em 2011 deixou o PV com a intenção de criar um novo partido e, em 2013, lançou a campanha para a fundação do Rede Sustentabilidade (REDE), mas o partido não foi aceito, por falta de apoio mínimo, há tempo das eleições de 2014. Com isso, Marina teve que negociar com outros partidos e assim se tornando candidata a vice-presidente de Eduardo Campos, do Partido Socialista Brasileiro (PSB). Após o acidente aéreo do candidato, em agosto de 2014, Marina tomou à frente da chapa, mas acabou ficando mais uma vez em terceiro lugar, atrás de Dilma Rousseff e Aécio Neves.
Em setembro de 2015 o Rede Sustentabilidade foi aceito pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE). O partido tem como fundamento uma nova política, em que a sustentabilidade esteja sempre presente nas discussões. O nome “Rede”, que foi decidido em fóruns na internet, tem relação com o objetivo do partido de se relacionar com diversos setores da sociedade.
Em 33 anos de vida pública, Marina é uma grande defensora do meio ambiente em todos os seus cargos. Como senadora, foi uma das primeiras a defender projetos governamentais para redução da emissão de gases de efeito estufa. Já como ministra do Meio ambiente, procurou obter políticas estruturantes que, principalmente, promovessem o desenvolvimento sustentável e a proteção da biodiversidade. Com isso, foram criadas mais duas instituições no setor ambiental no governo da época. Além da vida política, promove palestras pelo Brasil e pela América Latina, além de ter visitado a Europa e a Ásia para conhecer iniciativas inovadoras para a sustentabilidade.
*Texto escrito pelas alunas Rachel Santana e Rayane Dias com supervisão da Profª Mônica Sousa*
Álvaro Dias (PDT)
Nascido em Quatá, interior de São Paulo, Álvaro Fernando Dias, 73 anos, é candidato à Presidência da República pelo Podemos (PODE). Sua carreira política se iniciou em 1968, quando tornou-se vereador de Londrina (PR) e desde então, já assumiu os cargos de governador, deputado federal, deputado estadual e de senador pelo estado do Paraná, no qual permanece até hoje.
Como senador foi autor do projeto que propõe o fim do foro especial por prerrogativa de função, conhecido como foro privilegiado, autor da Proposta de Emenda Constitucional (PEC), para legitimar a prisão após condenação em segunda instância; da PEC para redução do número de deputados e senadores, fim do voto obrigatório, e, em 2005 presidiu a CPI da Terra, que analisou os conflitos fundiários no país. Ele também votou a favor do processo de impeachment de Dilma Rousseff e foi coautor da PEC que institui os mecanismos de democracia direta de Direito de Revogação, que permite ao povo cassar mandatos de políticos que não atendam o desejo da população e o Veto Popular, por meio do qual a população pode vetar uma lei já aprovada pelo congresso.
Em 2012, foi condenado pela Justiça por não ter pago pensão a uma filha, além de uma ação judicial para uma anulação da venda de casas em Brasília, que foram avaliadas em R$ 16 milhões. O candidato de centro-direita já foi citado na Operação Lava-Jato, e declarou, segundo o G1, que iria processar o delator. De acordo com a Revista Época, edição de 2009, o candidato também não declarou R$ 6 milhões à Justiça, referente a aplicações financeiras. Embora seja um dos políticos que mais discursa sobre transparência.
Álvaro Dias é a favor do porte de arma e promete, se for eleito, uma reforma tributária que tenha como consequência a redução dos preços de produtos essenciais para a população, como combustível, medicamentos e cestas básicas. É a favor da privatização de empresas estatais, mas contra a privatização da Petrobrás, além de querer reduzir o número de ministérios de 23 para 15, de senadores, deputados e vereadores. Também defende a reforma da previdência, cobrando de empresas as inadimplências, além de manter o programa social “Minha Casa, Minha Vida”.
*Texto escrito pelas alunas Letícia Ribeiro e Larissa Lopes com supervisão da Profª Mônica Sousa*