A ação que resultou na cassação dos mandatos do prefeito e vice-prefeito de Búzios, Alexandre Martins (REP) e Miguel Pereira (PL), foi uma iniciativa do sargento da Polícia Militar Leandro Alex de Souza, o Leandro do BOPE. Nas eleições de 2020, ele ficou em 2º lugar para a Prefeitura. Ao Portal Fontecerta.com, Leandro lamentou o fantasma da instabilidade política, mas afirmou que “a justiça está sendo feita”.
“A gente sabe que isso é muito ruim para a cidade. Búzios está passando, mais uma vez, por um problema administrativo, onde o prefeito é afastado”, afirmou Leandro. “Não sou eu que estou dizendo, é a Justiça que está dizendo que foi um crime eleitoral. Só que a justiça está sendo feita, porque nós fomos prejudicados”, prosseguiu.
De acordo com Leandro, seu grupo político fez “uma eleição honesta, limpa”. Além disso, o político lamentou a derrota nas eleições em meio aos indícios de fraude por parte da chapa vencedora.
“Muita gente com idade avançada acreditou em uma política de de renovação, saiu de suas casas, arriscando até as suas vidas para votar [referência ao período de Pandemia, quando a eleição ocorreu em 2020]. Essa injustiça, esse abuso de poder econômico, na decisão, fala que fez total diferença. Então a gente tem que alertar também a população”, disse Leandro.
Leandro do BOPE aponta futuro imbróglio administrativo
Quanto aos próximos passos da gestão pública, o ex-BOPE falou sobre a responsabilidade de procurar votar consciente. Além disso, voltou a comentar sobre a crise administrativa que Búzios deve encarar. “Búzios e outras cidades não podem passar por isso. Agora, a gente vai ter um imbróglio administrativo, onde vai se mudar uma parte do secretariado. Para retomar isso de novo…”, disse.
Por fim, Leandro afirmou esperar para que Búzios tenha uma eleição “mais limpa e mais tranquila” na próxima oportunidade. “A gente não fica feliz em ver esse momento da cidade. Ao mesmo tempo, a Justiça está sendo feita e tudo que a gente falou lá atrás está sendo provado agora”, concluiu.
Justiça Eleitoral cassou prefeito e vice-prefeito de Búzios
O Tribunal Superior Eleitoral (TSE) confirmou a cassação da chapa de Alexandre Martins (REP) e de Miguel Pereira (PL) por abuso de poder econômico nas eleições de 2020. A decisão foi monocrática, da ministra Isabel Gallotti.
Em setembro de 2022, o Tribunal Regional Eleitoral (TRE-RJ) condenou a chapa de Alexandre e Miguel por compra de votos. No dia da eleição, em 15 de novembro de 2020, a polícia encontrou material de campanha, R$ 6 mil e planilhas com nomes no carro de um integrante do comitê dos então candidatos. Com a decisão do TRE, Alexandre e Miguel foram cassados. No entanto, uma liminar permitiu que eles esperassem a resposta de um recurso no TSE ainda no cargo.
Em posicionamento nas redes sociais, Alexandre se disse inocente e reforçou que nunca respondeu a um processo por improbidade em sua vida pública. Além de ser prefeito desde 2021, Martins foi vereador, vice-prefeito e secretário de Saúde e Administração. Alexandre também diz no vídeo que vai reunir seu grupo porque “a cidade não pode sentir, a cidade não pode parar”. “Amo a minha cidade e vou continuar lutando por ela”, declarou.
Mesmo com possibilidade de recorrer, especialistas em direito eleitoral afirmam à reportagem que o prefeito deverá fazê-lo fora do cargo. Assim sendo, Alexandre deixa a Prefeitura no momento em que a Justiça Eleitoral o notificar. Dessa forma, o presidente da Câmara, Rafael Aguiar (REP), assume a chefia do Executivo e deve convocar eleições suplementares.